Inovação social
Novas ideias, respostas ou novas soluções para um problema socioambiental ou uma necessidade social não atendida: essa é uma das definições mais comuns de inovação social, fenômeno que vem ganhando cada vez mais atenção tanto na academia quanto no campo da prática. Apesar do crescente interesse, como em muitos debates científicos emergentes, as definições e interpretações sobre a inovação social estão longe de ser consenso na literatura, assumindo matizes e delimitações diferentes, dependendo da perspectiva adotada ou do campo de estudo pesquisado. A satisfação de necessidades sociais e a transformação das relações sociais são características mais comuns a todas as abordagens de inovação social, buscando soluções mais efetivas, eficientes, sustentáveis e justas do que as soluções existentes e cujo valor e os efeitos produzidos geram consequências para a sociedade como um todo.
A noção de inovação social também representa um contraponto ao entendimento da inovação enquanto fenômeno meramente focado em tecnologia e/ou no objetivo econômico/produtivo. Nesse sentido, incluir o adjetivo “social” busca qualificar a inovação, de acordo com seus efeitos, em termos de resultados (outpts) e impacto (outcomes) ou a partir de seus processos, envolvendo experimentações, mobilização e engajamento, especialmente das pessoas, grupos e comunidades afetados e que vivem os problemas socioambientais. No que se refere ao primeiro caso, o acréscimo do termo “social” implica um resultado ou impacto desejado a ser gerado pela inovação, coproduzindo respostas a problemas públicos existentes ou gerando mudanças sociais e futuros desejáveis. Já o termo “social”, como processo, significa sua natureza participativa e democrática, valorizando a co-contrução de conhecimento, a memória e os patrimônios natural e cultural das comunidades e buscando a reconfiguração criativa das relações sociais. Apesar do “ressurgimento” do termo e do interesse renovado pela inovação social mais recentemente, o fenômeno da “invenção do social” não é novo. Enquanto prática para conceber e implementar soluções engenhosas para problemas sociais complexos, a inovação social sempre existiu e o seu estudo sempre foi tema central de pesquisa na agenda das ciências sociais.
A temática da inovação social se conecta com a agenda de investimentos e negócios de impacto porque muitas vezes esse tipo de empreendimento pode se tornar uma das formas de viabilizar e colocar em prática a inovação social. Há ainda a possibilidade de que o próprio negócio de impacto, pelo seu modelo e formato, seja uma inovação social em si.
Para saber mais sobre inovação social, consulte as referências acadêmicas:
- Verbete sobre Inovação Social (Definição): ANDION, Carolina. Inovação social. In: BOULLOSA, Rosana de Freitas (org.). Dicionário para a formação em gestão social. Salvador: CIAGS/UFBA, 2014. p. 98-102. Disponível neste link.
- Referencial Teórico amplo sobre Inovação Social: COMINI, G. (2016). Negócios sociais e inovação social: um retrato de experiências brasileiras. Tese de Livre docência Universidade de São Paulo, São Paulo. Pp 56-66 Disponível neste link.
- Texto seminal sobre a definição de Inovação Social: PHILLS, J., MILLER, D. T., & DEIGLMEIER, K. (2008). Rediscovering social innovation. Stanford Social Innovation Review, 6(Fall 2018), 34–43. Versão original em inglês disponível neste link. Versão traduzida por Carolina Andrade disponível em Redescobrindo a inovação social.
- Revisão sobre a pesquisa em Inovação Social: AGOSTINI, M., VIEIRA, L., TONDOLO, R. DA, & TONDOLO, V. (2017). Uma Visão Geral Sobre a Pesquisa em Inovação Social: Guia Para Estudos Futuros. Brazilian Business Review, 14(4), 385–402. Disponível neste link.
- Experiência do Observatório de Florianópolis: ANDION, C.; ALPERSTEDT, G. D.; GRAEFF, J. F. (2020) Ecossistema de inovação social, sustentabilidade e experimentação democrática: um estudo em Florianópolis. Revista de Administração Pública, v. 54, n. 1 p. 181-200. Disponível neste link.